Tema: A organização do cosmo humano (Vernant, cap. 6)
- Origem religiosa da reflexão moral: o ascetismo das seitas encontra ressonância no ideal de austeridade em reação contra a ostentação e o luxo (frutos do desenvolvimento comercial)
- A nova imagem da virtude: a areté (virtude) não se manifesta mais como coragem e heroísmo guerreiros, mas a uma capacidade de controlar os apetites com rigor, com ascetismo
- A virtude ganha um aspecto mais moral ou moralizante.
- A condenação do luxo e da riqueza visam às conseqüências sociais desses excessos, as divisões e ódios que engendra na cidade.
- A riqueza: substitui os valores aristocráticos e não comporta nenhum limite, sua essência é o descomedimento (hybris)
- Sólon: “Não há termo para a riqueza. Koros, a saciedade engendra Hybris”
- Teógnis: “Quem possui quer mais ainda. A riqueza acaba por já não ter outro objeto senão a si própria”
- Sophrosyne: ideal de temperança e proporção que fundamenta a classe média na cidade, capaz de se opor aos ricos e sua ambição desmedida e também aos grupos sectários, busca de uma ordenação do cosmos (o equilíbrio)..
- Caráter “burguês” da virtude grega: uma classe média, equidistante dos ricos e dos indigentes exercerá um papel mediador entre as classes extremas.
- Agogé espartana: espírito de comedimento, de domínio das paixões, emoções e instintos.
- Sólon: estabelece uma ordem política que impõe um equilíbrio entre forças contrárias, um acordo entre rivais
- Sólon: recusa a tirania, pois a arché deve permancer no meio, no centro, igual para todos.
- Racionalismo político de Sólon: a igualdade obedecerá critérios de proporção, de justa medida, trata-se de uma igualdade hierárquica ou geométrica, não aritmética.
-Objeção de Anárcasis, citado por Plutarco: as leis seriam como teias de aranha que seguram os mais fracos, mas são facilmente rompidas pelos fortes.
- Resposta de Sólon: as vantagens recíprocas em respeitar as leis suplantam o desejo de desobedecê-las.
- Moeda como aspecto de racionalização: confere ao estado o poder de codificar, regrar e ordenar o comércio.
- A isotes aristocrática: a cidade é um cosmos feito de partes diversas, a medida justa deve conciliar forças naturais desiguais (eco na República, de Platão). Meritocracia?
- A isotes democrática: a igualdade deve ser total, aritmética, todos os cidadãos se equivalem.
- Depois de Sólon: luta entre três facções rivais leva a uma nova busca de solução ao problema da divisão da cidade.
- 1) Os aristocratas (pediakoi): ricos habitantes da cidade, donos de terras produtivas que exploram pela escravidão.
- 2) Os “do meio” (mesoi): povoam o litoral, são a nova classe média, de prestadores de serviços, que procuram evitar o triunfo dos extremos.
- 3) Os populares (diacroi): povoam as terras montanhosas do interior, são pequenos aldeões e lavradores.
- Reforma de Clístenes: propõe um sistema de dez tribos, uma divisão puramente geográfica, que abrange, no mesmo território, populações das três facções.
- A polis que surge da reforma de Clístenes é um universo homogêneo, sem hierarquia, sem diferenciação.
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