segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fragmento 4 de Sólon

Fragmento 4 de Sólon




Nossa pólis jamais perecerá pela vontade de Zeus

e pelo querer dos bem-aventurados deuses imortais;

pois a tão magnânima guardiã, filha do poderoso pai,

Palas Atena, tem as mãos sobre ela.

Mas os próprios cidadãos, com seus desvarios, (5)

querem destruir a grande pólis, persuadidos por riquezas,

e injusto é o nomon dos chefes do povo, aos quais está reservado

sofrer muitas aflições por sua grande Hybris,

pois eles não são capazes de conter seu koroi

nem controlar, na tranqüilidade do banquete, seus prazeres. (10)

. . . . . . . . .

Enriquecem, persuadidos por ações injustas.

. . . . . . . . .

Não poupando os bens sagrados nem, de modo algum, os públicos,

roubam com avidez, cada um por seu lado,

nem guardam os veneráveis fundamentos da Diké,

que, em silêncio, conhece o passado e o presente, (15)

e, com o tempo, certamente vem punir.

Essa ferida inevitável já atinge toda a pólis,

e rapidamente conduz à perversa escravidão,

que desperta a stasie e a guerra adormecida,

a qual põe termo à agradável juventude de muitos; (20)

de fato, por causa dos inimigos, rapidamente, a encantadora cidade

é destruída em conspirações que prejudicam os amigos.

Esses males se espalham entre o povo: muitos pobres

migram para uma terra estrangeira,

vendidos e atados com humilhantes grilhões. (25)

. . . . . . . . .

Assim, a desgraça pública chega a cada um em casa,

e as portas das casas não podem mais contê-la,

salta sobre o alto muro e encontra certamente,

ainda que alguém, fugindo, esteja no interior do tálamo.

Estas coisas meu coração me ordena ensinar aos atenienses: (30)



que a dianomia causa males inumeráveis à pólis,

mas a eunomia mostra tudo bem ordenado e bem proporcionado,

e, muitas vezes, agrilhoa os injustos,

abranda a violência, faz cessar o koroi, enfraquece a hybris

seca as flores nascidas da desgraça, (35)

corrige os decretos tortuosos, suaviza as ações arrogantes,

põe fim aos atos da dissensão,

e faz cessar o ódio da terrível rivalidade, e, graças a ela,

tudo entre os homens é bem proporcionado e sábio.

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